domingo, 21 de fevereiro de 2016

Como anda o seu tempo?


A Persistência da Memória, de Pablo Picasso

Nos vivemos no tempo - ele nos prende e nos molda -, mas eu nunca achei que entendia isso muito bem. E não me refiro a teorias de como ele se dobra e volta para trás, ou se pode existir em outro lugar em versões paralelas. Não, eu me refiro ao tempo comum, rotineiro, que os relógios nos mostram que passa regularmente: tique-taque, clique-claque. Existe algo mais plausível do que um segundo ponteiro? E, no entanto, basta o menos prazer ou dor para nos ensinar a maleabilidade do tempo. Algumas emoções o aceleram, outras o retardam; às vezes, ele parece desaparecer – até o ponto final em que ele realmente desaparece, para nunca mais voltar. 
(Julian Barnes, O SENTIDO DE UM FIM)


O que você fez no seu dia hoje? Já planejou o amanhã? Está, por acaso, preocupado com que o que pode vir? O tempo pode ser um senhor cruel em nossas vidas. E é impossível para um ser humano não viver controlado por relógios. Escola, faculdade, trabalho, encontro, nascimento e morte. Tudo moldado por minutos, horas, dias, meses, anos. Volta e meia alguém solta aquela máxima "o tempo está voando". Mas já bem sabemos que tudo não passa da nossa percepção e da forma como temos aproveitado cada dia de nossas vidas. E quanto mais compromissos, menos é o tempo do relaxamento e de "fazer nada".
Quando penso na minha vida dez anos atrás, adolescência e colégio, eu me lembro perfeitamente de como era tudo relativamente mais simples. Eram apenas cinco dias de obrigações (e apenas pela manhã). O resto podia ser aproveitado com descanso, lazer, cursos... Hoje, apesar de sobrar parte do meu dia, a vontade é de deixar esse tempo restante livre e preservado. Um tempo para tirar uma soneca, ler, escrever, ver filmes e fazer coisas que eu defino como prioritárias no atual momento da minha existência.
Se nosso tempo já vier definido para este mundo, o que faríamos com ele se, por exemplo, soubéssemos que morreríamos na semana que vem? Parar com tudo já que nada vale mais a pena ou tentar fazer o máximo de coisas nesse mínimo intervalo marcado? Questionamentos ainda mais delirantes poderiam ser feitos em relação a aspectos como realidade paralela (há outra acontecendo conosco neste momento?), viagens ao passado e futuro (está tudo lá ou não?) e tantas outras que nossa mente complexa permitir imaginar quando não encontramos coisas mais importantes a nos preocupar (ou seja, pensando no amanhã novamente...). 
Queremos que um dia chato acabe logo, enquanto aquela noite maravilhosa em boa companhia poderia ser eterna. É, nunca estamos satisfeitos mesmo. E eu termino por aqui, já que os textos neste blog costumam ser breves e terminam com um interessante vídeo relacionado ao tema no final (mais didático, impossível). Assim, você (se é que alguém lê isto aqui) pode fazer outra coisa ou procrastiná-la mais uma vez. O tempo é seu mesmo.