sábado, 2 de setembro de 2017

A bela arte da simplicidade em tempo de excessos




Estamos vivendo - eu, vocês e todos nós deste lugar e deste tempo - uma intensa onda de transformações nos mais diversos comportamentos. Pense em como era fazer trabalhos escolares 10 ou 20 anos atrás, os recursos que seu primeiro celular tinha, a forma como comprava objetos para sua casa e até o tamanho de um vídeo que você via no YouTube quando este surgiu há 12 anos!
Instintivamente, sempre tive o hábito de relacionar acontecimentos a números e momentos de minha vida - o que fazia em tal ano, o que acontecia no mundo quando tinha determinada idade, em que mês tal coisa houve... Soa uma loucura, mas isso sempre me ajudou muito a contextualizar fatos e entender as épocas da História em qualquer coisa que eu estudasse na escola ou visse num filme, por exemplo.
Falei tudo isso para justamente contrapor esses dois elementos que tantos filósofos contemporâneos analisam e se debruçam sobre tentando entender como será o bicho homem nas próximas décadas. Ao passo que temos uma vida cada vez mais dominada e simplificada pela tecnologia, estamos vendo como se tornam cada vez mais preciosos os momentos de simplicidade.
Você coloca suas contas no débito automático, paga a maior de suas contas por meio de cartões, compra praticamente o que quer em lojas virtuais e recebe  isso em casa, aprende de tudo em vídeos online, de uma receita simples para o almoço até os mais variados instrumentos musicais e idiomas. Nunca se produziu e disponibilizou-se tanta informação, nunca se tirou tanta foto e, claro, nunca nos sentimos mais "perdidos" em toda a nossa trajetória neste planeta.
Conforme dá pra perceber, este tema e o universo de possibilidades que ele traz me instiga ao extremo, nos melhores e piores sentidos. Conhecemos cada vez mais o ser humano, das minúsculas células a sua diversidade de pensamento e comportamentos, porém é até sombrio imaginar o que toda essa inteligência pode trazer num futuro próximo.
E pensei que toda essa viagem que fiz neste texto era inicialmente para falar sobre desapego e um estilo de vida mais simples.  Ainda dá tempo... Chega de acumular roupas, doe os livros que você não vai ler mais, libere espaço pra andar em casa, abra as janelas, respire ar puro, observe o vôo das borboletas e dos pássaros, brinque com o cachorro, ria ao ver um filme bobo, reencontre velhos amigos, abrace seus pais. Seja você. E você não precisar acumular coisas pra ser você (isso seria aquela tolice de querer impressionar). Que nunca deixemos nossa pequena criança morrer.
E pra fechar, deixo um vídeo do filósofo Mário Sérgio Cortella, sempre esbanjando conhecimento e refletindo sobre temas variados de forma bem humorada.



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